
Na secretaria do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG (ICB), encontramos um grupo de cinco funcionárias que uniram a vontade de estreitar a amizade, surgida no espaço de trabalho, com literatura e arte.
Maria de Lourdes Caldas, Maria Aparecida Campana, Luzia Márcia Araújo, Eunice Elvira Silva e Mariangela Borges se reúnem todos os dias, no horário de almoço, para fazer artesanato, conversar e distrair um pouco das tarefas diárias. Há cerca de um ano, elas começaram a se encontrar fora do ambiente de trabalho para trocar ideias sobre literatura. A partir de várias sugestões, o grupo escolhe um livro disponível no catálogo on-line da Biblioteca Universitária. O que tiver exemplares suficientes para todas ganha a “disputa”. Ao terminarem a leitura, marcam o encontro na casa de alguma das integrantes do grupo. Cada uma delas leva um lanche e juntas partilham a refeição, conversam e discutem suas ideias sobre a leitura combinada. “Os encontros são para estreitar a amizade, se encontrar fora do ambiente de trabalho e conhecer mais do íntimo das colegas, com quem passamos a maior parte do nosso dia, mais até do que com nossa família”, explica Mariangela.
Foi Maria de Lourdes, conhecida entre elas como Lourdinha, que idealizou o grupo. E, às vésperas do Natal do ano passado, elas fizeram o primeiro encontro, que afirmam ter sido o mais marcante até agora. O livro era “Dibs em Busca de Si Mesmo”, uma obra de Virginia M. Axline, sobre psicologia da educação. O livro conta a história de uma criança que não falava, não brincava, e que, após iniciar o tratamento de Ludoterapia, se revela extremamente inteligente e viva. O encontro foi especial porque captou o espírito natalino, por meio de um livro que emocionou e trouxe muitas reflexões para todas as integrantes do grupo.
Luzia Márcia, mesmo depois de aposentar, ainda continua frequentando a secretaria e os encontros. “É uma partilha. Seja pela costura ou pera literatura, tudo vira uma colcha de retalhos”, afirma Luzia. “Cada título representa um retalho que procuramos ‘costurar’. As linhas que unem os retalhos são como pontes e a gente nem sabe em que instante essas pontes vão se erguer. A linha, que une nossos retalhos, une nossos corações”, completa Lourdinha.
A comparação entre uma colcha de retalhos e a amizade do grupo vem naturalmente. Nas horas de almoço compartilhadas, as amigas já fizeram colchas, bonecas e tapetes usando retalhos encontrados principalmente por Lourdinha. O produto do trabalho é doado para alguma instituição de caridade. Há também o plano de se transformar as experiências do grupo em um blog, para partilhar com mais pessoas o amor pela literatura e as reflexões surgidas nesse convívio. Fica então o convite: “O grupo está aberto. Quem quiser participar é só nos procurar aqui na secretaria do ICB. O livro escolhido para a próxima reunião é “O Diário de Anne Frank””.

