Acervo do professor José Israel Vargas, ex-ministro de Ciência e Tecnologia, será ampliado na UFMG
Recentemente, as filhas do pesquisador - Maria, Joana e Cláudia - manifestaram interesse em doar para a Universidade todo o acervo bibliográfico do pai. Diretoria da Biblioteca Universitária está em tratativas com a família para incorporar os novos materiais à coleção já existente na Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras
Guia de rochas e minerais por Frederick H. Pough, integrante da coleção atual de José Israel Vargas. Foto: Lucas Braga / UFMG
Desde os anos 2000, a Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras da UFMG (Dicolesp), localizada no quarto andar da Biblioteca Central, abriga a coleção José Israel Vargas.
Atualmente com cerca de oitenta itens, o acervo contém, em sua maioria, livros sobre química, radioatividade, cálculo e física, mas também abriga outros títulos diversos como “Womens Education in Africa – Educação das Mulheres na África”, da Unesco, e “Science for sustainable development in Latin America and the Caribbean: proceedings – Ciência para o desenvolvimento sustentável na América Latina e Caribe: procedimentos”, sendo classificado como uma coleção sobre história geral e história da ciência.
O acervo pode ser consultado mediante agendamento pelo e-mail colesp@bu.ufmg.br ou pelo telefone (31)3409-4615.
Ampliação e fortalecimento do patrimônio científico da UFMG
Filhas do professor José Vargas visitam a coleção do pai já existente na Divisão de Coleções Especiais, acompanhadas por Izabel Araújo, diretora da Biblioteca Universitária (BU), e Magna Santos, bibliotecária da Dicolesp. Foto: acervo da BU
Após a morte do professor José Vargas, em maio deste ano, cujo velório foi realizado no saguão da Reitoria da UFMG, no campus Pampulha, as filhas do pesquisador, Maria, Joana e Cláudia, decidiram doar os demais materiais bibliográficos do pai para a Universidade.
A diretoria da Biblioteca Universitária (BU) está em tratativas com a família para incorporar os novos materiais à coleção já existente na Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras.
“A ampliação da coleção do professor José Israel Vargas representa um importante fortalecimento do patrimônio científico, histórico e cultural da UFMG. Ao abrigar o acervo de um dos mais destacados cientistas brasileiros, a Universidade reafirma seu compromisso com a preservação da memória acadêmica nacional e com a valorização da produção intelectual. Além disso, contribui para ampliar as possibilidades de pesquisa, ensino e divulgação científica, oferecendo à comunidade universitária e ao público em geral acesso direto a fontes primárias sobre a história da ciência no Brasil e sobre a atuação de um protagonista central na formulação de políticas de inovação e educação científica”, destaca Izabel Araújo, diretora da BU.
Legado para a ciência brasileira
Natural de Paracatu (MG), José Israel Vargas (1928–2025) foi professor emérito da UFMG, ministro da Ciência e Tecnologia nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, presidente da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Mundial de Ciências.
Conforme divulgado no portal da UFMG, Israel Vargas formou-se químico na Universidade Federal de Minas Gerais, em 1952, especializou-se em química nuclear na USP, estudou física no Instituto Tecnológico da Aeronáutica e doutorou-se em ciências nucleares pela Faculdade de Física e Química da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Como docente da UFMG, dirigiu o Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR). Foi assessor técnico da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e um dos formuladores da política de energia nuclear do país no início dos anos 1960.
Na ocasião do golpe militar de 1964, seu laboratório foi tomado pelo Exército, e ele foi demitido da CNEN e afastado da UFMG. Autoexilou-se na França, onde ficou por quase sete anos e atuou como líder de pesquisa no Centro de Estudos Nucleares do Comissariado de Energia Atômica, sediado na cidade de Grenoble.
Reconhecimento internacional
José Israel Vargas foi membro da Comissão Assessora para as Políticas de Cooperação Intelectual Internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e integrou o Conselho do Instituto de Estudos Avançados da Universidade das Nações Unidas.
Como embaixador na Unesco, sugeriu a criação de bolsas de estudo para estudantes africanos de países de língua portuguesa. A ideia materializou-se no programa Paula Domingues Vargas, instituído em 2004 por meio de convênio firmado entre a UFMG e a Unesco.
O nome do programa foi uma homenagem a uma das filhas, Paula Domingues Vargas, que se formou em Música na UFMG e morreu, em 1981, logo após concluir seus exames finais. A iniciativa inspirou o governo federal a criar o Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior (Promisaes).
(Com informações de notícia do Portal UFMG)